sábado, 2 de outubro de 2010

Perseguidor Implacável (Dirty Harry)


Tive a oportunidade de adquirir o recém-lançado box em blu-ray com os 5 filmes do personagem "Dirty Harry", e vou comentar aqui cada filme conforme vou assistindo.

O primeiro deles é Perseguidor Implacável (Dirty Harry - 1971), que é o primeiro filme do famoso, truculento e justiceiro personagem do ator Clint Esatwood, ninguém menos que o Inspetor Harry Callaghan e sua Magnum 44.

O filme claramente defende uma visão menos tolerante para com os "direitos" dos bandidos, mostrando Diry Harry na pele de um policial que resolve agir mesmo com uma lei que, segundo ele, não dá a mínima para os direitos das vítimas.

A direção é ágil e abusa de bons planos aéreos - aliás, a fotografia é extremamente valorizada pela edição em blu-ray, que faz com que o filme pareça ter sido rodado ontem. O som, remasterizado em True HD 5.1, também está excelente - teve vizinho aqui botando a cabeça na janela pra saber de onde vinham os tiros (ps.: vinham da Magnum 44 do Harry).

E o melhor do filme são os diálogos do filme - desde o clássico "Do I feel lucky? Well, do ya, punk?" até uma fala muito boa do vilão, ao ver a Magnum 44: "My, that's a big one." Essa última, segundo o ator que fez o vilão do filme (Andrew Robinson), foi improvisada por ele na hora e a equipe de filmagem deu tanta risada com a fala que a cena teve que ser repetida, mantendo a frase improvisada. Estas e outras curiosidades estão na generosa quantidade de extras presentes no blu-ray, que por si só já valem a compra.

 Quem nunca viu o filme, procurem e assistam este clássico, vale a pena.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Collateral



Trata-se de um filme de 2004, estrelado por Tom Cruise e Jamie Foxx, e com participações dispensáveis de Jada Pinkett-Smith, Javier Bardem e Mark Ruffalo. Outro que estava na minha lista para assistir há séculos e só hoje tive oportunidade (de constatar que é um filme mediano pra baixo).

A intenção era de montar um "trhiller" tenso, mas o personagem de Tom Cruise não é malvado o bastante para isso. A trama é simplista demais, e o tempo todo queremos saber porque o taxista não saiu correndo para fugir quando teve N oportunidades (não, não foi por causa da mãe, pois, quando o taxista teve a oportunidade, nem se preocupou com a mãe - quis logo salvar a gatinha promotora e ganhar a noite).

Felizmente o longa tem uma belíssima fotografia, edição e trilha sonora, o que faz com que dê para suportar numa boa as duas horas de película. Não chego a recomendar, mas serve para substituir um Faustão no domingo à tarde.

PS. : Jamie Foxx mandou muito bem nesse filme - sua atuação é o que salva.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A primeira regra é: você não fala sobre o Clube da Luta


Assisti Clube da Luta (Fight Club) há mais de 10 anos atrás, no seu lançamento nos cinemas, mas não o revi até agora a pouco. E é estranho constatar que, com meus atuais 34 anos, o filme fica perfeitamente claro e compreensível, muito mais que com meus 23 anos.

Clube da Luta trata do medo do fracasso. Medo de se não atingir os ideais que se tem quando é jovem. É mostrar o homem entrando na meia-idade e percebendo que é só mais um entre tantos, e que só lhe resta  é adentrar em um ímpeto consumista, esperando a morte chegar (sim, tudo a ver com "Ouro de Tolo" de Raul Seixas). E trata de sugerir uma volta ao mais básico, mais primitivo, como forma de readquirir sua liberdade.

Faz a gente pensar melhor sobre a nossa vida.

Bom, e sobre o filme? Com excelentes atuações de Brad Pitt e Edward Norton, e com um puta roteiro na mão (baseado no livro de Chuck Palahniuk, que por sinal eu preciso ler), David Fincher dirige um dos melhores filmes de sua carreira. 

Imperdível. E recomendado para quem já está na meia idade. Ou não.

Legião Urbana - As Quatro Estações




(este texto foi postado originalmente por mim em 2007, no Fórum Players)

- Cara, você ouviu na rádio a nova da Legião? 'Há Tempos'?
- Acho que não, qual é o refrão?
- É... putz, a música não tem refrão, mas começa assim: Parece cocainaaaaa..."


Era 1989, e a Legião Urbana desafiava novamente a regra do pop, tendo como música de trabalho mais uma canção sem refrão. Aliás, todo o novo álbum da banda, que levava o sugestivo nome de "As Quatro Estações", foi algo sem precedentes na história do rock nacional dos anos 80 - não só pelas vendagens (até porque o RPM já tinha vendido bastante antes da "queda"), mas por se afirmar com "grande banda", principalmente numa época em que a moda do rock nacional começava a entrar em declínio, e outros modismos como axé music, pagode e lambada roubavam os espaços do rock na mídia.


Lembro que, na mesma época, apenas outros dois discos do gênero tiveram destaque, que foram o "O Blesq Blom" dos Titãs (talvez o último disco decente deles) e o Big Bang, dos Paralamas. Não por acaso, na época a imprensa colocava as três bandas como a "Santíssima Trindade" do rock nacional - até porque o resto não chegava a ameaçar, e as poucas que surgiram na época para tentar reinventar o gênero (como o Picassos Falsos), morreram na praia.


Enfim, depois do sucesso do "smithiano" álbum "Dois", e da atmosfera punk do "Que País é Este", que mesmo sendo quase totalmente de regravações de músicas do Aborto Elétrico (banda punk de Brasília que deu origem à Legião), emplacou muitos sucessos, da faixa-título até a gigantesca "Faroeste Caboclo", outra música sem refrão que mesmo durando 9 minutos tocou a valer nas rádios e fez uma geração inteira decorar a letra (eu decorei à época e nunca mais esqueci). Ainda essa época, a Rede Globo exibiu um excelente programa especial, em que estrelavam a Legião e os Paralamas inclusive tocando junto algumas músicas e que foi sucesso de público (Detalhe: a Globo fez o favor de PERDER a gravação, e os poucos trechos que se acham por aí são oriundos de velhas fitas cassetes de fãs). Então, o "hype" em torno do novo disco era enorme.


Eu nesse período passava um pouco ao largo desse hype, já que meus interesses eram outros, como o rock setentista do Led Zeppelin, Purple, ou o heavy do Iron, Saxxon, Judas Priest e outros. E, um ano antes, descobri o punk, o pós-punk inglês e daí as influências "originais" das bandas nacionais, como os Smiths , Police, Echo & The Bunnymen e por aí vai. Mesmo assim havia um interesse pela Legião, que por sinal era a única banda pop nacional que era, se não ouvida, pelo menos "respeitada" por outras tribos pelas quais eu circulava na época, sejam punks, góticos ou outros, isso era algo que eu percebia claramente. Como disse acima, adorei "Que País É Este", mas nem comprei o disco, pois gravei de um colega numa fita Scotch (aquela com aquele cheiro forte característico...).


Enfim, curti "Há Tempos", e dias depois da conversa com um colega sobre a música (sim, aquele diálogo do início do texto), lá vou eu tentar descolar uma grana com os pais para comprar o vinil (que eu ainda tenho!), o que acabei conseguindo no mês seguinte. A essa altura, canções como "Pais e Filhos" e "Meninos e Meninas" (esta última tema de novela das 8), já tocavam sem parar nas rádios - mal sabia eu que TODAS as músicas do disco iriam parar no rádio, o que me fez ficar anos sem ouvir esse disco tempos depois.


Mas, blablabla, e o disco? Muito bom, ouvi quase até furar, principalmente as menos tocadas no rádio como "Feedback Song for a Dying Friend", "1965-Duas Tribos", e a fantástica "Eu era um Lobisomem Juvenil", provavelmente uma das melhores letras do Renato Russo. Curti tanto que tentei, no ano seguinte, entrar no show deles no Mineirinho, mesmo tendo só 15 anos (ter 1,70 já naquela época ajudou um bocado). Ah, já ia me esquecendo, e não é qualquer um que consegue musicar Camões e ainda por cima virar hit.


Meses atrás, comprei o CD remasterizado numa liquidação das Lojas Americanas, e ao ouví-lo, todas essas lembranças vieram à tona. Afinal, pelo menos para a minha geração, é um disco que gostando ou não, ninguém passou por ele indiferente.

Os Cinco Rapazes de Liverpool



"Os Cinco Rapazes de Liverpool" (Backbeat) é um filme que conta a história do quinto Beatle - não, não falo do produtor George Martin, e sim de Stuart Stucliffe, que saiu da banda pouco antes dos Beatles estourarem mundo afora. Como é sabido, pelo menos entre os fãs dos Beatles, Stuart (ou Stu), abandonou a banda em 61, quando os então jovens Beatles tocavam na cidade de Hamburgo, na Alemanha. Lá, Stu conheceu quem viria a ser sua grande paixão, a fotógrafa Astrid Kirchherr, e então Stu tem que decidir entre ela e seu lugar na banda de seu grande amigo John Lennon.
 
 No filme, Stu é interpretado por Stephen Dorff (que apesar de não estar à altura para ao papel, pelo menos não compromete), enquanto Astrid é interpretada por Sheryl Lee (mais conhecida pelo papel de Laura Palmer em Twin Peaks), fazendo uma doce porém resoluta Astrid.

O filme é sensacional por vários motivos, o primeiro é em relação ao próprio tema - a fase dos Beatles em Hamburgo, bem como a participação de Stu na banda, normalmente é um assunto tratado sem muita profundidade, e é de uma delicadeza extraordinária a forma como o diretor Ian Softley conta esta história. A profunda amizade entre Stu e um rebelde John Lennon (esse sim muito bem interpretado por Ian Hart), o sonho dos jovens Beatles de alcançarem o estrelato, e a indecisão de Stu entre a arte, a banda e o amor de Astrid.

A parte musical do filme é, claro, muito bem realizada. Apesar de não contar com músicas de Lennon & McCartney no repertório, o filme traz dezenas de clássicos americanos do Rock´n Roll cinquentista, que eram a base do repertório dos Beatles nessa época. Descobri depois de assistir o filme que as apresentações dos Beatles no filme eram apenas dubladas pelos atores, sendo as músicas interpreadas por uma banda formada por Thurston Moore (do Sonic Youth), Dave Grohl (Foo Fighters, mas na época no Nirvana), Greg Dulli (do Afghan Whigs), Mike Mills (do R.E.M.), Don Fleming (do Gumball) e Dave Pirner (do Soul Asylum). Ou seja, a trilha sonora é um show à parte, então vale a pena correr atrás.

Enfim, é um filme recomendadíssimo não só para quem curte os Beatles (alguém não gosta? :D), como para quem aprecia uma boa sessão de cinema.